quarta-feira, 11 de abril de 2012

SUPERAÇÃO





Ninguém pode voltar e criar um novo início, mas todo mundo pode começar hoje e criar um novo final
(Chico Xavier)


AS GOTAS
As gotas de chuva lá fora batem no
telhado
Eu escuto
As gotas de lágrimas na minha face
rolam
Eu enxugo
As gotas da tinta que caíram estão
secas no papel
Eu vejo
As gotas de sangue derramado doridas
do passado
Eu limpo
As gotas de orvalho nas folhas
verdes da minha esperança
Eu toco
As gotas perfumadas que escorrem de
seu cabelo
Eu desejo
As gotas que brotam de nossa pele
transpiram em êxtase
Eu deliro
As gotas que caem em nossos
corpos...bênçãos divinas
Eu agradeço..

                                  Lualfavênus





domingo, 8 de abril de 2012

SONHO DE OPHIUCUS

ORQUÍDEA LILÁS                                                

Orquídea lilás
Em sua cor o amor trás
Em Seu aroma a felicidade leva
Nas gotas da relva
Dos beijos de Eva.
Em sua essência
És pureza
Rara beleza
Em mistura
És transcendência
Transluscência...
Lualfavênus


SONHEI que eu tinha morrido e renasci num planeta diferente, os humanos não tinham aparelho digestivo apenas um tubo interno revestido de carne da cor neon; as orelhas eram compridas e pontudas. Seus corpos eram equilibrados, não havia nenhuma deformidade. Perfeitos, tinham no peito um coração que pulsava bombeando a água pura límpida, cristalina que percorria todo o corpo na forma de vasos .
As fêmeas eram menores que os machos,  e lindas, suas vaginas em forma de orquídeas exalavam aromas de flores diversas e singulares/exóticos/afrodisíacos, sem pêlos, de vários tamanhos mas, nunca exageradamente grandes ou muito pequenas.
Os machos tinham pênis retos de vários tamanhos e diâmetros que na cópula soltavam jatos de líquido verde transparente, seiva pura.
 Havia muitas árvores, cachoeiras, pedras coloridas e brilhantes. Pássaros, peixes, borboletas, insetos coloridos, nenhum animal carnívoro ou peçonhento, exceto as mágicas e poderosas serpentes coloridas e espertas.
O  ar era perfumado. Animais e humanos se alimentavam apenas das luzes astrais  e das águas que vertiam das rochas. As estrelas coloridas estavam muito próximas e cintilantes e nas noites  reluziam, refletindo no solo. Os mares eram calmos, transparente, verdes, anis, azuis com ondas prateadas.  Os rios eram profundos de águas frescas  que vertiam de cachoeiras em forma de cascatas espumantes e alvas.
Os casais se encontravam e copulavam quando seus genitais se encaixavam justamente. E se afastavam se as dimensões fossem incompatíveis. Não havia traição, ciúmes, maus sentimentos;  havia  “só love, love, Love”....e alegria....A vida era uma eterna brincadeira....

O amor era livre. Humanos e animais se acariciavam, se tocavam, mas só transavam aqueles casais que conseguiam encaixar "justamente" seus órgãos sexuais; a libido só despertava quando o macho gostava do aroma da flor que também era compatível com o tamanho de seu pênis.
O  amor era incondicional entre todos mas, o amor apaixonado só acontecia quando os corpos e genitais compatíveis se encontravam.  As relações eram monogâmicas com entrosamento entre casais que se o harmonizavam nas interações corporais quando os sinais sensoriais estavam em sintonia e se iluminavam.
O amor livre era compartilhado entre todos.
Os beijos tinham sabores de frutas. As frutas das árvores só serviam para a perpetuação do ciclo natural..."semente, arbusto, flor e fruto"....ciclo eterno....

Mas, um detalhe, não havia lixo, artifícios, objetos cortantes e perfuradores,  mau cheiro, detritos, putrefação, morte e...pasmem!!!....não havia "cus".
Então acordei pensando-” e os tarados por sexo anal, (cus), estariam muito tristes, sem as sujeiras e detritos num lugar como aquele.
Eu gostaria de renascer lá.
Quem sabe esse sonho venha a se realizar um dia....rsssss.


 Filha de Ophiucus


No sonho 
a alma viaja 
sentindo
 tão intensamente, 
que dele 
não quer despertar....

Lualfavênus


quinta-feira, 5 de abril de 2012

MISTIFICAÇÃO



DERROCADA DE TANATOS

Nestas explosões infernais
Onde o ódio se condensa
Em ondas da destruição.
TANATOS se manifesta
Em muitas almas
Frustradas, doídas,
Espalhando toda a desgraça
Da triste fragilidade humana.
Mas...
É verdade!!
A luz da vida,
Do amor, da esperança
Jamais vai morrer
Não é utopia não,
Nem ilusão.
A vida é uma onda
Em movimento contínuo.
Tudo em constante transformação.
Existe a semente do amor
Em cada alma-coração.
Nada termina, nada pára.
Tudo segue...


Lualfavênus




As carências e frustrações humanas são extremas e não há outra maneira de preenchê-las senão criando mitos, idolatrando seres ilusórios para proteção, organização e até mesmo salvação e alívio de culpas. Deuses poderosos que quando evocados permitem a sobrevivência e permanência aqui neste planeta que devido a tanta amargura e imperfeições humanas, está sofrendo em seu ciclo caoticamente transformador.

O caos é sentido em cada lágrima e desespero do indivíduo que com ódio e dor; na sua impotência, ataca violentamente os que se projetam em hierarquias superiores. “Em terra de cego quem tem um olho é caolho”, mas a idealização faz com que o caolho seja consagrado como um rei.

Precisamos desenvolver nossas faculdades e virtudes internas para experimentar o acesso e transitar livremente sobre esse chão terreno. É preciso desfocar em falsos deuses, ídolos, líderes e fortalecer nossa individualidade e singularidade senão quisermos ser esmagados pela massa de monstros poderosos que criamos e podem nos matar.

Quando o filho se decepciona com o pai está diante de um grande desafio; o reconhecimento de sua real e verdadeira potência de vida, libertando-se de suas projeções fantásticas e compreendendo melhor a vida interagindo com mais habilidade com os habitantes deste planeta.

Cada alma tem a sua trajetória e sua própria história, nesta singular condição está toda a sua glória e soberba. A mistificação e idolatrias coletivas são reflexos de inferioridades e frustrações de uma parte de indivíduos que superestimam ou subestimam suas próprias existências e capacidades....

                       Certa vez um rei infeliz e generoso queria abandonar o trono porque não suportava mais coordenar o movimento heliocêntrico cósmico, estava cansado mas, não deixava o seu castelo porque não havia ninguém para substituí-lo e ele agonizava somente com a idéia de causar a desordem se os planetas parassem de orbitar o sol e o mundo se acabaria, inclusive ele morreria..





Entendendo a “Mistificação


“...Enquanto Jung não tardou em usar o termo, foi só em 1937 que Freud pode dizer:


"O conteúdo do inconsciente, na verdade, é, seja lá como for, uma propriedade universal, coletiva, da humanidade."


Por esse termo, Jung entende aquele nível psíquico onde se registra a experiência acumulada da espécie, ao longo de sua história. Ele nos diz:


"Ao lado desses conteúdos inconscientes pessoais, há outros conteúdos que não provém das aquisições pessoais, mas da possibilidade hereditária do funcionamento psíquico em geral, ou seja, da estrutura cerebral herdada. São as conexões mitológicas, os motivos e imagens que podem nascer de novo, a qualquer tempo e lugar, sem tradição ou migração históricas. Denomino esses conteúdos de inconsciente coletivo."


"... naturalmente não se trata de idéias hereditárias, e sim de uma predisposição inata para a criação de fantasias paralelas, de estruturas idênticas, universais, da psique, que mais tarde chamei de inconsciente coletivo. Dei a essas estruturas o nome de arquétipos. Elas correspondem ao conceito biológico do 'pattern of behavior'"

"... o inconsciente consiste, entre outros, dos 'resíduos' da psique arcaica indiferenciada, inclusive dos estágios prévios da animalidade."

"O inconsciente coletivo compreende toda a vida psíquica dos antepassados desde seus primórdios. É o pressuposto e a matriz de todos os fatos psíquicos e por isso exerce também uma influência que compromete altamente a liberdade da consciência, visto que tende constantemente a recolocar todos os processos conscientes em seus antigos trilhos."



Podemos reduzir o "id imaginário", aquilo que em Jung se refere ao mundo dos arquétipos, o inconsciente coletivo, e etc, à imagem do pai primevo e aquilo que a ela se refere? É isso o que o faz Freud e Lacan. Sem dúvida não estamos querendo aqui responder a tal pergunta. Queremos apenas frisar que há uma oposição fundamental em "Freud e Jung", e que é bem frisada pelas palavras de ambos:


Freud-


"Por que, meu Deus, me permito segui-lo nesse campo? O senhor deve dar-me algumas sugestões. Mas, provavelmente, os meus túneis serão muito mais subterrâneos do que suas escavações, e não tomaremos conhecimento um do outro, mas cada vez que eu subir à superfície poderei saudá-lo."


Ao que Jung responde, dois dias depois-

"Nossas diferenças pessoais tornarão o nosso trabalho diferente. O senhor extrai as pedras preciosas, mas eu possuo o 'degree of extension' [grau de extensão]. Como o senhor sabe, o meu procedimento é sempre do exterior para o interior e da totalidade para a parte. Consideraria por demais desconcertante deixar grandes áreas do conhecimento humano permanecerem negligenciadas. E por causa da diferença de nossos métodos de trabalho devemos, sem dúvida, encontrarmo-nos de vez em quando, em lugares inesperados.".

(Fonte:O ID E O INCONSCIENTE COLETIVO Questões a Freud, Jung e Lacan-Rodrigo Zanatta)


Então, diante dessas geniais idéias sobre o entendimento da psique humana, há duas direções de focos durante a trajetória e exploração para o alcance de algumas verdade.s sobre as almas; a visão de Freud, análise profunda de dentro(pessoal) para fora(coletivo) e a de Jung, manifestações da arte, inversamente de fora(coletivo) para dentro(pessoal).
Em ambas as direções encontramos dinâmicas de “mitificação” conhecimento significativo de relevante conteúdo que nos abençoa com um possível reconhecimento do “eu” e do “nós”em suas relações fantásticas, reais e/ou imaginárias.









sábado, 31 de março de 2012

ÉTICA E MORAL


 Penso que existe a boa moral e a má moral. A boa moral é a que permite a correspondência de valores internos  de um indivíduo com os dos outros, quando existe  o respeito e a percepção dos valores alheios mesmo sendo eles diferentes dos seus próprios.

A boa moral faz com que você seja voluntariamente sensato em relação as suas atitudes e as dos outros. Quando as minhas atitudes favorecem a mim e aos outros estamos diante de um consenso ou  bom senso, resultando em atitude de boa moral.

A má moral seria o contrário, a pessoa que não leva em consideração os limites alheios, abusa da bondade e muitas vezes da fragilidade do outro para tirar proveito para si , a desonestidade, a calúnia, a crueldade, o indivíduo que não respeita os valores dos outros e quer impor seus próprios.

Enfim, a boa moralidade é fundamentada num equilíbrio entre os seus valores, sejam eles internos ou externos, e os valores alheios.

A boa moralidade, assim como a boa ética proporciona a harmonia entre as pessoas. Como se aprende isso? Sem dúvida VIVENDO E APRENDENDO...E nossos valores se formam desde o nosso nascimento com as relações primárias...

MAS SÃO TOTALMENTE PASSÍVEIS DE MUDANÇAS DURANTE TODA A VIDA...Então, quem julga nossas atitudes?

SEM DUVIDA, NÓS E OS OUTROS.       

  

Sabemos que a moral e a ética são bens adquiridos, aqueles estímulos externos que recebemos na educação com a aprendizagem....Interessante colocar aqui que alguns estímulos nós transformamos e outros mantemos na forma primitiva. Sem dúvida a valoração ética e moral pode ser conflitiva e passar por muitas mudanças durante nosso crescimento...A vivência e as experiências acontecem como um processo de constantes transformações, de princípios e até mesmo de gostos, preferências...”Deleuze” disse uma vez que a mente ou a psiquê humana é um processo dinâmico e transformador porque estamos sendo atingidos a todo o instante por vários e múltiplos estímulos. Mas algumas preferências ou sensações prazerosas ou não, ainda ficam arraigadas e guardadas que também podem ser formadoras do caráter...


A ética profissional como tradução do amor

Por Emerson Barros de Aguiar
Alguém pode não saber ler ou nunca ter ouvido falar de ética, mas só será feliz se for ético. Ética não é uma condição que a gente tem de atender para agradar a empresa ou ao chefe; não é recitar códigos ou doutrinas.
Ética é o que fica da vida que levamos, das coisas que fazemos todo dia, agora; é o saldo que resta em nosso coração das ações que praticamos. Não se pode aprender ética apenas em livros ou em aulas e, menos ainda, em palestras. Ela está lá no Evangelho de Jesus: no Sermão da Montanha e em muitas outras passagens. Mas não é difícil encontrar a ética dentro de nós, saber o melhor caminho a seguir.

A felicidade de comercial não é sustentável. A satisfação dos cartões de crédito, do consumo, dos vícios ou da corrupção. A felicidade que tira dos outros, diminui muito mais de nós mesmos. Isto não é moralismo, não é pieguice, é realidade! "Ignorante" é o nome dado por Sócrates a quem ainda não sabe disso. Todo mundo vai descobrir que o mal não vale a pena, que o egoísmo não constrói nada, só estraga, destrói. De uma maneira ou de outra vai descobrir disso. A boa vontade será a melhor maneira e a decepção, a pior. . .

Não precisamos sofrer tanto para aprender que a vida é muito mais ajudar e compartilhar do que competir, ferir e derrotar. Quem tem o coração cheio de amor, tem ética, naturalmente. Ética é não estar preocupado com a reputação, mas com o caráter. O comportamento espontâneo, generoso e fraterno, é ética.

Quando a ética não é uma escolha, mas um dever imposto pela consciência, isto é ética. Quando estamos empenhados em dar o melhor de nós e não em sermos os primeiros, isto é ética.
Quando nos esforçamos para ter bondade e não para aparentar bondade, isto é ética. Quando o cuidado com os sentimentos dos outros lapida a dureza das palavras, isto é ética.
Quando olhamos para os outros e nos colocamos no lugar deles, quando vemos Deus nos outros, isto é ética.
 Quando perdoamos, deixando espaço livre na nossa memória para paisagens de ternura e humanidade, isto é ética.
Quando descobrimos uma qualidade nova em alguém que não gostamos, isto é ética. Quando identificamos em nós algum defeito e enxergamos como a vida é maravilhosa, isto também é ética.

Quando não nos vingamos de quem nos prejudicou, mesmo tento a oportunidade ideal, isto é ética. Quando olhamos os filhos dos outros como nossos próprios filhos e os empregos dos outros como o nosso "ganha pão", isto é ética. Quando sabemos que o dinheiro, o conforto, a posição ou o status de que desfrutamos são apenas privilégios e não direitos, pois podem nos ser tirados a qualquer momento pelo infortúnio, pelo imponderável ou pela morte: isto é ética!

Quando aquilo em que acreditamos não é expresso como uma declaração de princípios, mas sai da nossa boca como poesia, isto é ética! Quando somente conseguimos conspirar pela felicidade dos outros, isto é ética.

Quando sabemos que o amor pela pedra, pelo inseto, pela planta, pela brisa e por todas as coisas, que a ação em benefício de alguém que nem conhecemos e que a gratidão pela vida são tesouros permanentes, isto é ética.

Quando sentimos que o amor invadiu cada sílaba que pronunciamos, cada lembrança, cada gesto, olhar e tarefa, enfeitando o templo do coração com as flores do bem, isto é felicidade...


O prof. Emerson Barros de Aguiar é Doutor em Filosofia pela Universidad de Zaragoza (Espanha), Escritor e Professor Universitário em João Pessoa (PB)


sexta-feira, 30 de março de 2012

AMOR PLATÔNICO


QUE SENTIMENTO É ESSE, O AMOR?
Sim, amamos amar...
Sem saber, que amor é esse
Que sentimento é esse, o AMOR?
Sente com a visão
Com a boca
Com o tato
Com a audição
Atração, Paixão...
Ah! esse amor!
Que sentimento é esse
Que em vão
Acelera o coração
Chora de saudade
Sente falta
Adoece
Quando o sol arrefece...
E a noite chega numa triste solidão
Fria, nua, silenciosa
Ociosa...
Que sentimento é esse, o AMOR?
Que deixa o cheiro do outro
No corpo da gente
Que escorre na face inundando
Molhando a vida da gente?
Inocente, triste, quente...
Que sentimento é esse, o AMOR?
Esse calor
Que mata a gente!!!

Lualfavênus




 “A distância faz ao amor aquilo que o vento faz ao fogo: apaga o pequeno, inflama o grande.”
Roger Bussy-Rabutin



  “...E esse amor platônico=amor de almas,
faz com que a carne se desmanche,. Uma sensação de morte toma conta de nossa vida, estamos presos pela alma mas a carne sofre com a separação ou distância. Queremos e desejamos a completude, nos misturar, nos fundir totalmente com o ser amado, adorado, mas algo impede a união dos corpos  e então entramos em um processo de catarse= morte.
Enquanto o mesmo objeto de adoração torna-se  odiado pois ele passa a dominar a mente e com a sensação de estar querendo roubar a sua alma, aí o paradoxo “amor e ódio”.
Muitas vezes esse fenômeno acontece porque o ser amado já é parte de nossa psiquê despertando em nosso mundo interno mais remoto(dinâmica do núcleo infantil) e obscuro(arquetípico) e como não conseguimos vivenciar o contato direto com  esse "objeto do desejo", ele transforma-se numa fantasia, numa ilusão e sofremos muito até que nossa psiquê encontre meios de aos poucos, desapegar dessa criação fantástica podendo levar muito tempo indeterminado nesse sofrimento. Algumas paixões podem levar uma vida. Vale desmitificar essa união para que se viva a real.
Amores platônicos são muito comuns em relacionamentos de internet, pois os corpos estão separados por uma tela de vídeo deixando aquela sensação de falta e vazio na alma.”




Amor e desejo

     Platão apresenta o amor em quatro maneiras: em primeiro lugar, como uma carência, insuficiência, necessidade e ao mesmo tempo um desejo de conquistar e de conservar o que não possui; em segundo lugar, o amor se volta para a beleza, que outra coisa não é senão o anúncio e a aparência do bem, portanto neste caso o desejo do bem; em terceiro lugar, como desejo de vencer a morte e é portanto neste caso, a via pela qual o ser mortal procura salvar-se da mortalidade, não permanecendo sempre o mesmo, como o ser divino, mas deixando após si, em troca do que envelhece e morre, algo novo que se lhe assemelha; em quarto lugar, Platão diferencia tantas formas do amor quantas são as formas do belo, desde a beleza sensível até a beleza da sabedoria, que é a mais elevada de todas, sendo a sua forma de amor a filosofia.

     A linguagem popular vulgarizou a idéia de que o amor platônico é a busca da metade de si. No Banquete essa idéia surge no discurso de Aristófanes, que afirma que cada ser é resultado de duas metades e que o amor tem a tendência de reencontrar a sua antiga natureza una. Essa versão do amor platônico influenciou diretamente os mitos do amor que giram em torno do uno, assim como escreve Ferreira: “O amor é a procura do todo e amar é sinônimo de se unir e de se confundir com o amado". Esta idealização do objeto de amor como alma gêmea coloca o sujeito frente a uma demanda que é impossível de ser realizada. Isso pelo fato de que não existe um único objeto que encarne a realização do desejo. Dizer que não existe objeto do desejo não significa que não existam muitos outros objetos que causam desejo, mas é o conhecimento de que ele não existe que permite ao homem aceitar o seu destino, que é desejar e amar dentro de uma lógica do não-todo, como nos mostra Sócrates no Banquete.
.    
     Do amor, sabemos à luz da psicanálise, que ele possui dois lugares: por um lado, o sujeito do desejo e da falta, que é o amante, érastés, e do outro, o objeto de desejo, que é o amado, érôménos. O amante é aquele sobre o qual existe a experiência de que alguma coisa falta, mesmo que não saiba o que seja. Em contrapartida, o amado é aquele que sabe que possui algo que o torna especial, pois alguém o deseja. Esta é ambigüidade do amor, em que o que falta ao amante é exatamente o que o amado também não tem.

     De fato, não é possível falar de amor sem se referir à questão do desejo, pois a noção de interesse e de querer é em grande parte construída sobre a noção do desejo, como é dito no Banquete. Quando ocorre ao ser humano desejar algo com muita intensidade, é natural que exista também interesse em evitar o desconforto a que se é submetido caso o desejo seja frustrado. Isso é o que nos mostra claramente Alcibíades. Talvez seja possível evitar a frustração pelo viés da abdicação do desejo, mas tal fato não exclui a possibilidade de que a força desejante persista em permanecer impondo um determinado custo ao homem. Assim, a decisão de renunciar o desejo gera um desapontamento ou impõe um determinado custo. Este desejo pode ser mantido vivo por sua própria intensidade e não porque a pessoa deseja particularmente que ele persista. É algo da ordem de uma vontade própria, é uma força involuntária que atrai àquele que quer para algo ou alguma coisa. Esta força, como vimos, é a pulsão.

     O corpo precisa de algo externo a ele para continuar vivo, é impelido a agir para obter o objeto que satisfaz a falta que sente. O problema é que no regime pulsional não há como preencher as faltas de maneira satisfatória. Deste modo inicia-se um circuito pulsional, pois sem o encontro satisfatório com o objeto ideal, existe a remanescência de uma carga tensional que retorna a um estado primário a espera de uma nova investida, de uma nova tentativa em busca do objeto. Este ciclo pulsional está inserido no domínio de Eros, já que a busca que desencadeia o circuito é por algo que sugere ao desejo, ao amor, por ser justamente este algo o que ffalta. Freud escreve que os estímulos pulsionais:
                        

"... impõe ao sistema nervoso exigências muito mais elevadas. Incitam-no a assumir atividades complexas e articuladas umas com as outras, as quais visam obter do mundo externo os elementos para a saciação das fontes internas de estímulos, e para tal, interferem no mundo externo e o alteram.(Freud)"



     Juntamente com o desejo está o conceito de libido, que na teoria freudiana, foi sendo amadurecido paralelamente aos avanços que seus estudos adquiriam. De início, em 1884, era apenas o resultado do processo de elaboração da excitação orgânica em excitação psíquica, ou o afeto sexual. Para resumir este princípio, seria a oposição entre o orgânico e o psíquico acompanhada pela oposição entre o inconsciente e consciente. Posteriormente é extraído da teoria das emoções em que Freud explica como uma energia da pulsão sexual intimamente conectada á pulsão de vida, que tem a ver com tudo o que pode ser contido sob a palavra amor. É a parte energética da pulsão.(Fonte: Uma Analogia do Amor Platônico – Vanessa Vanhazebrouck)








sábado, 24 de março de 2012

ALMA E ESPÍRITO



ALMA DOIDA
Sinta onde sua alma quer te levar
O que ela precisa e quer ver
Ou quer realizar?
E o que ela quer revelar?
Faça um acordo com sua alma
Ouça e atenda sua voz interior
Discuta com ela se preciso for
Se ela quer te levar para um mal caminho
Segure-a num corpo livre e sadio
Se ela quer sair por aí e dar uma de doida
Prenda-a em algum prazer num corpo íntegro
Se ela quer destruir seu corpo
Tente convencê-la que você precisa dele
E vai cuidar bem dele
Se ela necessita de amor
Carinho e atenção
Eu estarei aqui para te dar
Tudo de bom que tenho
Guardado em meu coração
E você só precisa fazer
Essa sua alma inquieta
Aceitar.

Lualfavênus

                 




A alma e o espírito precisam de um corpo para amar, gozar, morrer e transcender.



A sexualidade é desígnio da alma e a alma é um mundo a ser explorado, compreendido sem determinismos temporais e comportamentais mas, transformadores.



 
"Alma: etimologia, sentido, significado e referência!
por Paulo Faitanin
UFF

1. Origem do conceito: Palavra rica em significados e referências. Durante toda a exposição filosófica a palavra alma supõe análise de sua origem, natureza e destino. Saber o que significou e o que ainda significa esta palavra no contexto grego nos ajuda muito para uma melhor compreensão de como não houve substancialmente evolução semântica de significado e uso desta palavra nas principais línguas indo-européias.

2. Na origem sânscrito-grego: a palavra grega [psyché] aparece como deverbal do verbo [psýchein], «soprar, emitir um sopro». O verbo [psýcho], «eu sopro, eu deixo escapar o ar» tem provavelmente como origem a forma não sufixada [psýo], que representa a raiz bhes-, soprar , atestada no sânscrito bhas-tra, fole , e no sânscrito-védico, da qual originou sua raiz, [á-psu]: sem sopro, sem força .
Este termo significou o sopro, a respiração, o hálito, a força vital, a vida sentida como sopro , daí alma do ser vivo, sede de seus pensamentos, emoções e desejos , donde o próprio ser, a individualidade pessoal, a pessoa, a parte imaterial e imortal do ser .

3. Na origem hebraico-árabe: A palavra grega pneuma [pneuma] é equivalente semântica da palavra hebraica ruah que designa em seu sentido genérico respiração e, em seu sentido específico hálito, alento vital, alma, espírito, sopro . O seu correspondente em árabe é rúhun, que designa sobretudo alma. A palavra hebraica para alma é nefesh, com o sentido de sopro . Sua correspondente árabe é nafsun, que se refere especialmente a espírito. Assim como palavra latina spiritus serviu para o contexto teológico para designar a vida enquanto princípio pensante, anima serviu para o contexto filosófico para designar a vida enquanto princípio vital.

4. Na origem latino-portuguesa: A palavra latina anima, -ae é equivalente semântica da palavra grega [psyché] e, também, significou, primeiramente, sob influência desta sopro, ar e, posteriormente, princípio vital ; a palavra latina animus, -i, [que só se distingue em gênero da palavra anima, ae] pode ter Psyché www.aquinate.net/ciência e fé ISSN 1808-5733 AQUINATE, n°3, (2006), 336-337 337 sido uma quase tradução e transliteração da palavra grega anemos que designa vento, agitação da alma, paixão , mas traduz semanticamente o que corresponde ao grego [pneuma] que designa o princípio pensante e se opõe, por um lado, a corpo e, por outro, a alma. Para distingui-las, podemos dizer que anima, designa uma parte dinâmica da vida, enquanto princípio vital, no ato de principiar a vida e animar; animus designa uma outra parte dinâmica da vida, enquanto princípio pensante no ato de designar uma característica especial da vida e tem como sinônimos espírito, mente, razão e discurso.

A palavra animus, sobretudo, do início do período medieval até a Escolástica viria a ser substituída pela palavra spiritus que corresponde semanticamente à palavra grega [pneuma] e que significa sopro, vento, respiração, exalação, odor, espírito, aspiração .

A palavra portuguesa alma é tradução semântica e gramatical do termo latino anima, e designa genericamente essência imaterial, capaz de entender, querer e sentir, que unida ao corpo forma a individualidade, pessoa e especificamente princípio de movimento, de vida .








A alma e o espírito precisam de um corpo para amar, gozar, morrer e transcender.